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sábado, 25 de agosto de 2012

São Sebastião: A primeira cidade do Litoral Norte Paulista

São Sebastião é conhecida internacionalmente, berço de belas praias e de uma natureza impecável a cidade guarda uma vasta história desde os tempos coloniais. Casarões ainda mantem a imponência de uma época em que grandes barões imperavam na região com o ciclo da cana de açúcar. Com seus 377 anos é a cidade mais antiga do Litoral Norte e de  grande importante durante os primeiros anos do Brasil colônia. 

Tupinambás em gravura de Theodor de Bry
Fonte: Wikipédia
Antes dos portugueses era habitada pelos  índios da tribos tupinambás e tupiniquins. Os tupinambás nação que dominava quase todo litoral brasileiro, vivia ao norte e os tupiniquins ao sul. A divisa das terras era na praia de boiçucanga hoje uma das mais badaladas do município. Por falar na praia o termo "boiçucanga" se origina da língua tupi e significa "esqueleto de cobra grande", através da junção dos termos mboîa ("cobra"), usu("grande") e kanga ("esqueleto"). Em outra interpretação do nome diz que, em tupi-guarani, "Boiçucanga" significa "cobra de cabeça grande" e que a praia recebeu este nome pela semelhança da formação montanhosa que fica em seu canto esquerdo. 

Sua ocupação começa junto com a história do recém descoberto Brasil, terra que era considerada como o éden pelos portugueses. Com ordens do rei de Portugal, Gaspar de Lemos e Américo Vespúcio partiram de Lisboa no comando de três caravelas para investigar toda a baía do Brasil para ver quais as potencialidades da nova terra. No dia 20 de janeiro de 1502 avistam o que hoje conhecemos como Ilhabela. Devido ao dia ser dedicado a São Sebastião santo mártir da Igreja Católica, religião dominante naquela época a nova terra  foi batizada de Ilha de São Sebastião.

Passeando pela história do Município sua ocupação começou com a divisão das famosas capitanias hereditárias, forma de administração do território português. A cidade pertencia a capitania de Santo Amaro, cuja divisão vinha de Bertioga até a foz do rio Juqueriquerê em Caraguatatuba que na época pertencia a São Sebastião. 

A partir do século XVII com o então ciclo da cana de açúcar começa o desenvolvimento da vila. Ainda nesse século é construído o prédio mais importante do município: A matriz do padroeiro São Sebastião. A cidade foi sendo formada ao redor do prédio, onde ruas e casas permanecem até hoje originando um importante centro histórico que na década de 70  foi tombado pelo patrimônio histórico. Nessa época a região contava com dezenas de engenhos de cana de açúcar, responsáveis por um maior desenvolvimento econômico e a caracterização como núcleo habitacional e também político. Tal êxito fez com que a vila se emancipasse politicamente no dia 16 de março de 1636 (quantos números seis!).

O desenvolvimento econômico prossegue baseado em culturas como a cana de açúcar, o fumo e a pesca da baleia. Com o apogeu da extração de metais preciosos nas Minas Gerais, entre 1720 e 1780, São Sebastião conheceu um período de enriquecimento, em função do movimento do porto, que além de escoadouro legal do ouro vindo de Minas, tornou-se centro ativo de contrabando

Com a introdução do café a região chegou a possuir 106 fazendas, algumas novas e outras, engenhos adaptados. Porém, a sua maior importância era como porto escoador de café do norte de São Paulo e sul de Minas para Santos e Rio de Janeiro. Essa plantação era mantida pelos escravos que passavam de 2.000 na região e produziram cerca de 86 mil arrobas de café  na metade no século XVII.

Sua economia entra em crise a partir da abolição da escravatura no brasil e também com a abertura da ferrovia São Paulo - Santos que levava toda a mercadoria direto para o Porto de  Santos. Com esse declínio passa-se a investir na agricultura de subsistência, com pequenas roças de mandioca, feijão e milho. Destaca-se também nessa época a pesca artesanal.

Oceano Atlântico e a Serra do Mar formam belezas
cênicas que atraem os mais variados tipos de turistas.
Foto: Diego Cardoso
Saltando na história, vindo para a idade moderna,  na década de 40 inicia-se a implantação do porto de São Sebastião. Começa então uma nova fase da economia da cidade principalmente com a chegada da Petrobrás na década de 60 tornando-se um fator decisivo para a retomada do desenvolvimento econômico. o Terminal Marítimo Almirante Barroso/TEBAR, tem capacidade para atracagem  de  navios de até 400.000 toneladas.

Na década de 70 com a abertura da rodovia Rio-Santos a cidade começa a despertar-se para o turismo, que passa a  movimentar a cidade principalmente nas temporadas de verão. Depois de passar pelos ciclos da cana de açúcar do ouro e do café, a cidade hoje torna-se um grande centro turístico que  é responsável por boa parte da renda do município. Conhecida como capital do ecoturismo do Litoral Norte a cidade ainda encontra grandes desafios pela frente principalmente com toda essa evolução programada e esperada para o Litoral Norte. 

O texto é baseado na história do município, pertencente ao arquivo público de São Sebastião.


CULTURA

Rede ManacÁ
Valorizando Nosso Litoral!
 Por: Diego Cardoso

    

sábado, 17 de março de 2012

Tropeirismo no Vale do Paraíba e Litoral Norte

CULTURA: Ao final do século XVII sentia-se a necessidade dos animais de tração como suporte aos bandeirantes naquela saga em busca das “minas gerais”. Décadas depois tropas xucras de muares vindas do Sul, dos criatórios dos pampas, guiadas por tropeiros atingiam o centro do estado de São Paulo. Na história aqueles tropeiros sulinos já se encontravam no Vale Paraibano (Taubaté, Jacareí, Guaratinguetá e Silveiras em sua maioria), os quais adquiriam aqueles animais e retornando faziam a doma com isso viabilizaram a economia, revendendo-os e fortalecendo os ciclos do ouro, do gado e do café. Um dos marcos iniciais do tropeirismo foi quando a Coroa Portuguesa instalou em 1695 na Vila de Taubaté, a Casa de Fundição de Taubaté, também chamada de Oficina Real dos Quintos. A partir de então, todo o ouro extraído das Minas Gerais deveria ser levado a esta Vila e de lá seguia para o porto de Parati, de onde era encaminhado para o reino, via cidade do Rio de Janeiro. A palavra "tropeiro" deriva de tropa, numa referência ao conjunto de homens que transportavam gado e mercadoria no Brasil colônia. O termo tem sido usado para designar principalmente o transporte de gado da região do Rio Grande do Sul até os mercados de Minas Gerais, posteriormente São Paulo e Rio de Janeiro, porém há quem use o termo em momentos anteriores da vida colonial, como no "ciclo do açúcar" entre os séculos XVI e XVII, quando várias regiões do interior nordestino se dedicaram a criação de animais para comercialização com os senhores de engenho.Além de seu importante papel na economia, o tropeiro teve importância cultural relevante como veiculador de idéias e notícias entre as aldeias e comunidades distantes entre sí, numa época em que não existiam estradas no Brasil.
Os tropeiros procuravam seguir o curso dos rios ou atravessar as áreas mais abertas, os "campos gerais" e mesmo conhecendo os caminhos mais seguros, o trajeto envolvia várias semanas. Ao final de cada dia era acesso o fogo, para depois construir uma tenda com os couros que serviam para cobrir a carga dos animais, reservando alguns para colocar no chão, onde dormiam envoltos em seu manto. Chamava-se "encosto" o pouso em pasto aberto e "rancho" quando já havia um abrigo construído. Ao longo do tempo os principais pousos se transformaram em povoações e vilas. É interessante notar que dezenas de cidades do interior na região sul do Brasil e mesmo em São Paulo, atribuem sua origem a atividade dos tropeiros.
Nos pousos comia-se feijão quase sem molho com pedaços de carne de sol e toucinho que era servido com farofa e couve picada Só pra lembrarmos de uma das delicias deixadas pelos tropeiros o feijão tropeiro.