Hospital Regional

LITORAL NORTE: Parece que o assunto Hospital Regional no Litoral Norte teve desfecho na última terça-feira. O aparente fim, sendo bom para todas as partes, no entanto favorece a novas dúvidas, e com isso novos embates e disputas políticas estão prestes a surgir no horizonte.

Em reunião entre Estado e prefeituras do Litoral Norte o consentimento de que o Hospital Regional deve ser construído em Caraguatatuba não foi fácil. Aliás, tensão foi o que se percebeu até então. Assim, a reunião de terça-feira não poderia ser diferente. Em jogo a palavra, o prestígio, o moral e o poder de persuasão. Contrariando a maioria, sim, o Hospital Regional vai para Caraguá. Contrariando Caraguatatuba, o Hospital Regional não vai ser no Stella Maris.

O desfecho revela habilidade do Governo do Estado no paradoxo de ter agradado e contrariado todas as partes envolvidas. Isso porque o previsto pelo prefeito caraguatatubense, Antonio Carlos, de se ter mais uma conquista de expressão em seu município foi alcançado, mas não contemplava a continuidade do trabalho das irmãs frente ao hospital. O que era para contabilizar como custo na Secretaria de Saúde apenas a recém inaugurada UPA, agora terá que contemplar na conta a continuidade de injeção de dinheiro no Stella Maris. Todavia, se conseguiu o Hospital Regional e o braço de ferro político com todos os prefeitos restantes, ele venceu. Tá ruim, mas tá bom.

A lógica segue com os demais. O chefe do Poder Executivo sebastianense, Ernane Primazzi, perdeu o Regional para a vizinha, mas demonstrou ousadia e força frente ao Estado. Ficou claro que algumas posturas de Ubatuba e Ilhabela podem seguir São Sebastião, que salve Caraguá, demonstra certa liderança e representatividade dos demais. Visto que a força de Caraguá é apenas quanto ao âmbito estadual. Um exemplo é a discussão dos royalties, que tem todos os municípios da região como atores, mas São Sebastião chega a representar a região nos corredores de Brasília. Assim, Ernane perdeu para Antonio Carlos o Regional, mas recebeu quase como uma medida compensatória, a promessa do Centro de Reabilitação Lucy Montoro. É bom, mas é ruim.

Outros atores no cenário são os prefeitos Toninho Colucci e Maurício Moromizato, de Ilhabela e Ubatuba, respectivamente. Foram imprescindíveis para salvar o Stella Maris, e fazer coro à fala de Ernane. Colucci, já experiente, deixou clara sua posição sem desgastar sua imagem, mesmo com quem se mostrou estar contrário, no caso Antonio Carlos. Maurício, apesar de estar no primeiro semestre de seu mandato, se mostrou hábil e competente articulador e participante na discussão. A derrota de Colucci e Maurício, se é que se pode dizer assim, foi de perder o Regional para Caraguá, mesmo somando forças com Ernane. No 3 contra 1, venceu o isolado tucano. Porém, Colucci garantiu a construção da sede do CAPS – Centro de Apoio Psicossocial e Maurício conquistou com o Estado aporte financeiro para terminar a UTI da Santa Casa de Ubatuba. É, tá ruim, mas tá bom.

Resta saber se o instituto em solo sebastianense realmente vai ser construído em paralelo com o Regional, ou figurou-se apenas como uma promessa eleitoreira, visando já o ano que vem. Na eterna busca de agradar gregos e troianos, o Estado esforça-se para chega bem no pleito de 2014.

Fonte: Jornal Imprensa Livre